terça-feira, 16 de outubro de 2007

Sabe tudo sobre seu espaço?

Arquitetura versus segregação social (Frederico de Holanda)

No Distrito Federal, ricos moram no Plano Piloto e pobres moram nas cidades satélites. Certo? Errado. Pesquisa em andamento mostra resultados preliminares surpreendentes. Há diversidade de renda em áreas centrais ou periféricas. A variação está, na verdade, relacionada à arquitetura.

O projeto original de Brasília previa dois tipos de edificações: prédios de seis pavimentos sobre pilotis com elevadores, nas Asas sul e norte, e casas individuais, como as denominou Lucio Costa, próximas ao lago. Outros tipos foram depois acrescentados, como os prédios de três pavimentos sobre pilotis e sem elevadores, nas quadras 400, e prédios de três pavimentos mas sem pilotis – os blocos “JK”. Outros edifícios e espaços urbanos decorreram da fixação de acampamentos de obras, como a Vila Planalto, construída para abrigar todos os estratos de renda, em edifícios variados.

Investigamos o perfil de renda de oito áreas do DF, listadas do maior para o menor poder aquisitivo:
1) Lago Sul;
2) Bairro Sudoeste "nobre";
3) SQS 103, Asa Sul;
4)Condomínios horizontais, Bairro Grande Colorado (Sobradinho);
5)Bairro Sudoeste “econômico”;
6) blocos “JK”, nas “400”, Asa Sul;
7) Vila Planalto;
8) Recanto das Emas.

O poder aquisitivo dos habitantes foi classificado nos seguintes estratos, com base na renda do chefe da família (resultados do Censo de 2000):
1) ricos, mais de 20 salários mínimos;
2) médio-superior, entre 10 e 20 SM;
3) médio-médio, entre 5 e 10 SM;
4)médio-inferior, entre 1 e 5 SM;
5)pobres, menor ou igual a 1 SM.

Muito interessante.LEIA NA ÍNTEGRA: http://www.unb.br/acs/artigos/at0406-03.htm

Luzes nela


"Amo trabalhar em eventos, é um vício. É uma droga, você fica viciada."
São pessoas assim que fazem a diferença, pessoas como a supervisora de limpeza chamada Elyane Conceição Silva, que apesar do preconceito que sofre com a profissão, não sente vergonha de assumir o que faz. Há 10 anos trabalha na área de limpeza em eventos como o Capital Fashion Week, sustenta seus dois filhos e ainda arruma tempo para se cuidar como toda mulher. Trabalhadora e esforçada, Elyane afirma que moda é tudo, a gente quem cria e se molda de acordo com as atualidades.



Como é pra você estar trabalhando em um dos maiores festivais de moda de Brasília?
É uma oportunidade muito boa, principalmente pra mim que faço parte da classe média baixa e inferior, faço parte de um mundo que não tem acesso à esse mundo. Ótimo ficar perto de tudo isso.

A pessoa em si hoje em dia é levado a sério pelo o que é ou pelo o que tem?
Pelo o que tem. Você vale o que tem, a aparência hoje em dia é tudo. Aqui mesmo no festival não posso degustar alguma comida por exemplo quando estou de uniforme, basta eu tirar e me arrumar que as pessoas já mudam os olhares. É a vida real, fazer o quê?!

Você acha que dão a devida importância para quem trabalha na limpeza?
Não dão valor, a maioria nos tratam como escravos. Acho que eles não se tocam de que se não fôssemos nós, eles estariam no chiqueiro. Já fui presenteada também, tive chefes que souberam reconhecer meu trabalho e me elogiaram. Sou conhecida porque pela minha dedicação.

O que é moda pra você?
Moda é tudo, a gente faz a nossa moda, uma mulher arrumada pra mim é tudo, conquista tudo.

As peças que são vendidas em lojas caras são melhores na sua opinião como vendedora?
Acho que pagamos pela etiqueta na verdade, a roupa sendo roupa já vale. Eu particularmente gosto muito da loja Mercearia, ainda mais porque sempre ganho descontos nas peças, mas mesmo assim não tenho fanatismo por etiqueta, uso o que posso e gosto do que uso.

Em eventos grandes como este, o trabalho é árduo ou dá tempo de observar os desfiles e as novas tendências?
Na minha área dá tempo porque sou supervisora, por isso consigo dá uma escapadinha. Os outros ajudantes também conseguem prestar atenção no que acontece, o trabalho é pesado, mas quando um foge um pouquinho o outro segura as pontas. (risos)

No lugar aonde você mora foi bem divulgado o festival? Todos tiveram acesso ao que iria rolar nessa semana?
Ninguém soube. A cidade satélite não tem acesso, só o plano piloto e a elite. Há ainda muito preconceito, total desvalorização do ser humano. A entrada é franca, todos poderiam entrar, o dinheiro de lá é igual ao dinheiro dos de cá.

Pra finalizar, vale a pena o trabalho de ajudante em eventos grandes? O que você recebe compensa tanto esforço?
Financeiramente não compensa. Trabalho em eventos grandes como esse 12 horas seguidas ou mais, sempre pedem pra dobrarmos o horário, não se importam com o nosso cansaço, apenas, com a limpeza do local. Tem muita gente ainda com havia dito no começo que não importância pro nosso trabalho, sujam mesmo sem o mínimo remorso. Sem nós eles não são nada, mas eu amo trabalhar em evento, é um vício. Uma droga, você fica viciada.