domingo, 8 de novembro de 2009

Deixa eu ser

E aí começa assim:
Tudo começou quando um dia li uma matéria na revista Claudia. Mas aí é que está a grande jogada. Não foi uma matéria qualquer, essas que eu leio todo dia e minutos depois me esqueço. Essa foi escrita pra mim, me senti ali presente, como se tivesse sugerido a pauta e servido ao mesmo tempo de fonte. Mas não, eu era apenas a leitora, aquela que se indentifica perdidamente, lê, relê e pensa: putz, descobriram um termo pra o que eu sinto, não estou tão perdida assim.
Beleza, até aí tudo bem.
Enquanto que na loucura da minha faculdade (na verdade a loucura ocorre para mim), a época de começar o impresso chegou. No meio dessa confusão e pra variar confusa sobre minhas pautas, eis que surge uma ideia. Claro! A Claudia serviu para alguma coisa. Ufa, felizmente ou não, essa pauta foi a única aceita e até o final da reunião permaneceu como a escolhida. O que fazer? Eu me sentia totalmente envolvida, estava feliz pelo resultado, o trabalho seria pesado e ao final até poderia aprender como tratar desse "problema".
A vida tem cada uma. Neste exato momento eu interpretei toda essa história de uma outra forma. Essa é a minha chance de virar o jogo e sair de um jeito tranquilo desse semestre "quinto dos infernos". O tema, era de total aceitação e preenchia todos os quesitos, como se eu tivesse marcado todos os itens do teste "prove como você está se sentindo em relação ao seu futuro", sabe como é? Se todo esse tempo, senti e sinto tanto medo assim, me coloco sem choro nem vela na pior das colocações ( e não preciso da ajuda de ninguém pra isso), agora é a hora de dar uma basta de uma vez por todas. Nosso cérebro é o nosso pior inimigo, e aqui neste blog, não preciso colocar citações ou estudos de especialistas que comprovem essa afirmação. Nós sabemos disso. Nós vivemos isso. E eu vivo e sei exatamente como ISSO funciona. Você aí, quem sabe exista alguém por aí do outro lado, sabe como é. Lutar contra o medo, alienações, limitações impostas por nós mesmos, crises intermináveis de inseguranças não é fácil. Ninguém está aí pra te ajudar verdadeiramente, cada um já carrega consigo a obrigação de fazer da vida, algo saudável, afinal de contas, viver é para poucos, enquanto que muitos estão por aí apenas sobrevivendo.
Minha batalha é diária.
Acordo todo dia com vontade de vestir outro corpo, interpretar outro papel e conhecer uma realidade mais maleável. Todo dia, mesmo que por uns minutos, eu penso em fazer uma terapia, ter alguém que me ouça com total disposição e que me dê em troca um olhar compreensível e soluções para os meus "problemas". Queria entender o motivo pelo qual eu sempre esqueço de ir atrás, viver atrás dessas respostas está me deixando desacreditada de muita coisa. Ainda bem que eu sei, no fundo eu supero, abstraio, sinceramente acho que desenvolvi uma ferramenta para deletar tudo que me apavora, embora nem sempre consiga apagá-las de vez. Eu tento.
Nunca fui de acreditar piamente em horóscopo, porém, volta e meia me pego lendo a respeito e me surpreendo com a explicação que fazem sobre o Aquariano. "Aquarianos, em geral, sofrem de altos e baixos de voltagem nervosa. Como sua cabeça vai longe e rápido, estão sujeitos a alterações bruscas de ritmo psiquíco. Ciclotímicos, eles passam abruptamente a uma rabugice infernal. Estas mudanças inexplicáveis de humor são normalmente seguidas de surtos de neurastenia, quando os aquarianos têm ímpetos de apontar um rifle para a janela do vizinho ou afogar na banheira o telefone que não pára de tocar." Mas no meio dessa eletrecidade toda, liberdade é meu sobrenome. Liberdade é o segundo nome de todo mundo, todos buscam esse sentimento, essa realidade. Imagina se sentir longe dela? Imagina sentir que ela está sendo afastada por pessoas que teoricamente deveriam te proporcionar em pequenas doses ao longo de todos os minutos e segundos da sua vida. Imagina quão assustador isso é.
Nunca devemos fazer parte dessa loucura toda. Nunca e em hipótese alguma, mesmo que seja difícil, nunca mesmo deveremos depositar todos os erros em cima das nossas costas e muito menos acreditar quando nos fazem pensar dessa forma. Sempre vai existir a opinião sem fundamento, a opinião egoísta. Viu, isso acontece aí, isso acontece aqui também. E em todo canto.
Queria apagar esses medos, poder vestir outro corpo, injetar coragem direto no sangue e seguir. Queria planejar menos, agir como gente grande e confessar minhas fustrações. Queria ter voz firme, pulso forte e voz mais branda. Queria passar mais tempo com a minha mãe, fazer dessa fase, um período de lutas e vitórias. Queria trazer orgulho, reconhecer a importância das pequenas coisas, reclamar menos e acordar mais vezes com o coração inquieto de alegrias. Queria ser ouvida com carinho quando estou falando, queria ouvir com paciência quem está querendo carinho.
Queria um mundo de coisas, um mundo de sentimentos. E nunca ficarei satisfeita.
A auto sabotagem é assim.
Eis a pauta mais sincera da minha vida.

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